A proposta de Redes de Atenção à Saúde (RAS) é quase secular,
tendo em vista que sua origem está no Relatório Dawson, produzido em 1920, no
Reino Unido, um dos documentos da fundação do serviço nacional de saúde inglês.
A partir dos anos 90, as RAS foram revisitadas em função da crise da saúde nos
países desenvolvidos e surgiram, então, várias propostas de superação dos
sistemas de saúde fragmentados. Os elementos constitutivos das RAS, segundo Eugênio Mendes, são:
população, estrutura operacional e modelo de atenção.
A atenção à saúde baseada na população é a capacidade de um
sistema em estabelecer as necessidades de saúde de uma população específica sob
sua responsabilidade, de acordo com riscos, bem como de implementar e avaliar
as intervenções sanitárias relativas a essa população e de prover o cuidado
para as pessoas no contexto de sua cultura e de suas preferências. Para isso
são utilizadas as seguintes estratégias: territorialização, cadastramento dos
usuários com adscrição da clientela, classificação das famílias por riscos sócio-sanitários,
vinculação dos usuários às unidades de atenção primária, identificação de condições
de saúde e identificação de casos complexos.
A estrutura operacional das RAS é constituída pelos nós das
redes e pelas ligações materiais e imateriais que comunicam esses diferentes
nós, ou seja, pelos serviços de saúde já existentes no território e os fluxos
que os interligam.
Os modelos de atenção são sistemas lógicos que organizam o
funcionamento das RAS. Articulando, de forma singular, as relações entre a
população e suas subpopulações, estratificadas por riscos. Os focos das
intervenções do sistema de atenção à saúde e os diferentes tipos de
intervenções sanitárias são definidos em função da visão prevalecente da saúde,
dos determinantes sociais da saúde e das situações demográfica e epidemiológica,
vigentes em determinado tempo e em determinada sociedade.
Os modelos de atenção às condições crônicas são modelos mais
complexos que operam sobre todo o ciclo de uma condição crônica, de forma
integral, envolvendo ações de promoção da saúde e de prevenção, cuidado, reabilitação
e paliação das condições de saúde. Almejam uma atenção contínua que engloba
cuidados primários, secundários e terciários, sistemas de apoio e sistemas
logísticos. Estes modelos são baseados no planejamento estratégico das mudanças,
no trabalho multiprofissional no cuidado, nas novas formas de encontros entre
profissionais de saúde e usuários, no acompanhamento rotineiro dos usuários na
comunidade, na clínica centrada na pessoa, nos planos de cuidados, no apoio ao
autocuidado, na integralidade do cuidado, na intersetorialidade, nos sistemas
de informação como forma de articulação das redes, na educação permanente e na
educação em saúde.
Os modelos de atenção às condições agudas são construídos para
atender na lógica do agudo que tem sua variável-chave no tempo resposta do sistema de saúde. Na experiência internacional
esses modelos operam a partir de algum tipo de triagem que determina, com base
em sinais de alerta e segundo os riscos, o tempo-alvo para se prestar o
atendimento no ponto de atenção à saúde com as condições tecnológicas para, de
forma oportuna, efetiva, eficiente e de qualidade, responder à necessidade das
pessoas em situações de urgência ou emergência, como por exemplo a
classificação de risco de Manchester.
Para a organização das RAS são fundamentais as ferramentas de
gestão da clínica. A Gestão da Clínica é compreendida como tecnologia aplicável
aos serviços de saúde, destinada a não só assegurar e otimizar os padrões
clínicos, como a incrementar a eficiência da prestação de serviços, reduzir
riscos para usuários e profissionais, melhorando, assim, a qualidade da atenção
à saúde. Compõem as ferramentas de Gestão da Clínica as linhas de cuidado e as diretrizes
clínicas, delas derivam um conjunto de estratégias associadas, tais como a
gestão da condição de saúde, a gestão de casos, a auditoria clínica e a gestão
das listas de espera.
Por fim, as RAS por suas múltiplas conexões pressupõem a heterogeneidade, que exige a capacidade de convivência, pactuação, manejo de conflitos e alta capacidade de autoanálise, pois é mais difícil e complexo lidar de forma produtiva com o diferente do que com o igual. A diversidade multiplica as possibilidades de fluxos e conexões, o que permite a linha de cuidado se realizar. As conexões vão produzindo mapas através dos fluxos nos quais transita a ação dos sujeitos singulares que aí atuam. O itinerário terapêutico que se produz é como um sistema aberto, não modelar e não serial, com muitas entradas e saídas, operando de forma não estruturada sobre a realidade. Caberá aos gestores, através das ferramentas de gestão da clínica, organizar e otimizar os itinerários terapêuticos existentes!
Por fim, as RAS por suas múltiplas conexões pressupõem a heterogeneidade, que exige a capacidade de convivência, pactuação, manejo de conflitos e alta capacidade de autoanálise, pois é mais difícil e complexo lidar de forma produtiva com o diferente do que com o igual. A diversidade multiplica as possibilidades de fluxos e conexões, o que permite a linha de cuidado se realizar. As conexões vão produzindo mapas através dos fluxos nos quais transita a ação dos sujeitos singulares que aí atuam. O itinerário terapêutico que se produz é como um sistema aberto, não modelar e não serial, com muitas entradas e saídas, operando de forma não estruturada sobre a realidade. Caberá aos gestores, através das ferramentas de gestão da clínica, organizar e otimizar os itinerários terapêuticos existentes!
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